O filme do mês (e mais dois imperdíveis)
Aproxima-se a contagem decrescente para a mais famosa cerimónia de prémios de cinema: os Óscares. Em dezembro, estes são os filmes que não pode perder.

Ter sido a primeira mulher a vencer o Queer Palm, no Festival de Cannes deste ano, com o filme Portrait de la Jeune Fille en Feu, escrito e realizado por si própria, é razão para virarmos as atenções para Céline Sciamma (Pontoise, Val-d’Oise, França, 1980), a jovem francesa que se estreou na realização com Water Lilies, em 2007. No título em inglês, Portrait of a Lady on Fire, este filme venceu, naquele festival, o Prémio de Melhor Argumento, além de ter sido nomeado para a Palma de Ouro. Sciamma constrói um cenário enigmático e desértico, numa pequena ilha da região da Bretanha, para narrar de forma astuciosa e sublime um romance proibido em 1770. É nele que se desenrola a história de Marianne (Noémie Merlant), uma jovem pintora que se vê confrontada com um desafio delicado: pintar um retrato de Héloïse (Adèle Haenel) sem que esta saiba, simulando ser a sua nova dama de companhia. Retrato, esse, que tem como finalidade chegar às mãos de um possível marido, em Milão. Héloïse, que acaba de sair de um convento e de sofrer com a perda de uma irmã, vê-se forçada a passar tempo com a companhia que a mãe, uma aristocrata da nobreza italiana (Valeria Golino), lhe impõe. A estranheza e o incómodo acabam por dar lugar a um subtil romance, à medida que os acontecimentos se adensam. O filme, que segundo a crítica do The Guardian tem alguns laivos criativos do universo cinematográfico de Hitchcock, brilha pela subtileza das prestações de Noémie Merlant e de Adèle Haenel, atrizes consagradas no cinema francês. Portrait of a Lady on Fire é, em última análise, um filme sobre o olhar feminino, escrito da perspetiva de uma mulher e que não contempla personagens masculinas no elenco. Um pormenor que não escapa à crítica da Forbes americana: "É um filme com um elenco feminino que explora o desejo do ponto de vista de uma mulher. Acima de tudo é a história de uma pintora num tempo da História em que os trabalhos artísticos das mulheres eram ignorados e, assim, assumidos como não existentes." Um ponto de vista que, argumento e prestações à parte, brilha só por si. Estreia a 31 de dezembro.
Nova musa

Além de ser um dos nomes no elenco do remake de Mulherzinhas, de Greta Gerwig, a atriz Florence Pugh (Oxford, Inglaterra, 1996) revela provas de um talento inato desde que se estreou há quatro anos. A prova está no Prémio de Revelação Feminina do Festival de Cannes deste ano. Entre séries e filmes tem-se destacado na minissérie The Little Drummer Girl, de 2018, e nos filmes The Falling, de 2014, Lady McBeth, de 2016, e Midsommar – O Ritual, de 2019. Surgirá com Scarlett Johansson em Black Widow, em 2020. Como escreve a crítica da Vanity Fair americana, Florence Pugh é a artista do ano. E é, sem dúvida, um dos novos rostos a prestar muita atenção no cinema.
Vidas
Scarlett Johansson é a protagonista do filme Marriage Story, do realizador Noah Baumbach (nomeado para um Óscar com o filme A Lula e a Baleia, de 2005). Revela um retrato intenso sobre o fim de um casamento e uma família que luta para permanecer unida. Adam Driver, Laura Dern e Merritt Wever são alguns dos nomes que se juntam ao de Johansson. Imperdível. Estreou a 6 de novembro, na Netflix.


Da vida real à sétima arte. Os escândalos de abuso sexual que deram filmes
A propósito da estreia próxima do filme Bombshell – O Escândalo, baseado na história de assédio sexual que envolveu o CEO da Fox News Roger Ailes, revisitamos esta e outras polémicas que deram origem a argumentos de cinema e televisão.