O discurso de Meryl Streep sobre Donald Trump nos Globos
Emotivo, politicamente forte, construtivo: o discurso de uma das atrizes mais poderosas de Hollywood, numa das cerimónias mais aclamadas da TV e do cinema.
Houve uma atuação que me surpreendeu muito. Que prendeu os seus anzóis ao meu coração. Não porque tenha sido boa. Não houve nada de bom nela. Mas foi eficaz e cumpriu a sua função. A sua audiência riu e mostrou os dentes. Foi nesse momento, quando essa pessoa que pediu para se sentar no assento mais respeitado do nosso país e imitou alguém incapacitado, alguém que superou o privilégio do poder e capacidade de lutar. Partiu-me o coração ouvi-lo. Porém não consigo tirá-lo da minha cabeça porque não estava num filme. Era (é) a vida real.
(...) A falta de respeito convida a falta de respeito. A violência incita à violência. E quando os poderosos usam a sua posição para intimidar os outros, todos perdemos. Isto leva-me a falar para a imprensa. Precisamos de meios de comunicação com princípios para punir com um cartão vermelho todas as coisas indignantes que se façam. É por isso que os nossos fundadores consagram a imprensa e a sua liberdade na nossa Constituição. E assim, peço à famosa imprensa de Hollywood e a todas as pessoas da nossa comunidade que se unam a mim para apoiar o Comité e apoiar os jornalistas. Porque vamos precisar deles no futuro. E eles precisarão de nós para salvaguardar a verdade. Uma coisa mais. Uma vez, quando estava de pé num set das gravações a choramingar por algo, chegou a hora de gravar e Tommy Lee Jones disse-me: não é um privilégio Meryl, ser só um ator. E eu penso que sim, o é. E precisamos de nos recordar deste privilégio e da responsabilidade do ato da empatia. Todos deviamos estar muito orgulhosos do trabalho de Hollywood, aqui, esta noite. Como me disse uma vez uma amiga, a querida princesa Leia: pega no teu coração partido e faz arte. Obrigada".
Veja, abaixo, o vídeo do momento. Espreite também a galeria de passadeira vermelha, aqui.
Por Rita Silva Avelar

