Morreu José Mário Branco. Tinha 77 anos
José Mário Branco, cantautor e produtor, morreu esta terça-feira aos 77 anos.

Morreu José Mário Branco, cantautor e produtor português. Tinha 77 anos. A morte foi confirmada à agência Lusa pelo seu ‘manager’, Paulo Salgado.
Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, em particular no período da Revolução de Abril de 1974, cujo trabalho se estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.
Foi fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades e colaborou na produção musical para outros artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge, Samuel e Nathalie.
Uma das maiores vozes da música de intervenção portuguesa, José Mário Branco aderiu ao PCP, foi perseguido pela PIDE e teve que se exilar em 1963. Em 1971, saía o disco Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades, um dos mais célebres.
Depois da Revolução dos Cravos, volta de Paris e lança em 1978 A Mãe.
Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora", gritava José Mário Branco em 1980, no palco do Teatro Aberto. Tinha 37 anos. Vivia o período de "refluxo" da Revolução de Abril e do PREC. Cantava as suas inquietações e as do povo que o viu lutar.
Ao longo da sua carreira, José Mário Branco passou pela música, teatro e cinema. Enquanto autor, compositor e intérprete, colaborou com Camané e Amélia Muge, entre outros.
De Osso Vaidoso a Ermo, de Camané aos Walkabouts, são mais de dez os artistas que interpretam temas de José Mário Branco, num disco-tributo que sai no dia 24 pela Valentim de Carvalho. "O objetivo era mostrar a plasticidade da música do Zé Mário Branco, é muito abrangente e inspirou muita gente de várias gerações.
O último disco a solo de José Mário Branco foi Resistir é Vencer, de 2004. Em 2009, juntou-se a Sérgio Godinho e a Fausto Bordalo Dias no projeto Três Cantos.
Em 2018, José Mário Branco cumpriu meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999. A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004. ‘Inéditos 1967-1999’, é uma recolha de canções gravadas entre 1967 e 1999 e nunca antes editadas em digital. Entre elas, os temas ‘Fim de Festa’ (lançado num EP de marchas da Comuna–Coopearte) ou ‘Quantos é que nós somos’ (gravado para um disco de homenagem a Otelo Saraiva de Carvalho).
Em 2017, estreou o documentário Mudar de Vida – José Mário Branco, vida e obra realizado por Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo. Seria premiado como Melhor Documentário de Longa Metragem pela Academia Portuguesa de Cinema.
