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Check-in Livros: Dias Felizes

Um livro na mesa de cabeceira no verão sabe ainda melhor, saiba quais as nossas sugestões para o mês de julho.

Check-in Livros: Dias Felizes
Check-in Livros: Dias Felizes
09 de julho de 2014 às 06:00 Máxima

Relações-públicas. Designer de interiores. Socialite. Atriz. Caroline Lee Bouvier, ou Lee Radziwill (apelido que adotou depois do casamento em segundas núpcias com o príncipe Stanislaw Radziwill), é conhecida por todas estas facetas, mas também (e sobretudo) como irmã de Jacqueline Onassis e uma das suas principais confidentes. Em Happy Times (Assouline), Lee abre o álbum de fotografias e empreende uma visita pelo passado. O livro reúne algumas das melhores recordações da sua vida, dos natais em Palm Beach, com o Presidente Kennedy, aos anos vividos em Londres, passando pelos verões em Conca. Através de fotografias, notas pessoais e desenhos, a obra traz uma perspetiva pessoal sobre uma vida muito escrutinada pelos media. Consultora em design de interiores e relações-públicas da Giorgio Armani, Lee integrou a International Best Dressed List Hall of Fame, em 1996, e recebeu a Legião de Honra, atribuída pelo Governo francês, em 2008. Hoje, vive entre Paris e Nova Iorque.

 

MESA DE CABECEIRA

Os Factos, de Philip Roth

Da infância protegida aos confrontos pessoais e profissionais da idade adulta, o escritor concentra-se em cinco episódios da sua vida, num registo claramente autobiográfico.

 

A Neve e As Goiabas, de NoViolet Bulawayo

Vencedor do PEN/Hemingway Foundation Award 2014, este arrebatador romance de estreia conta a história de Querida, uma menina de dez anos primeiro deslumbrada, depois desconcertada com o que se esconde por detrás do mítico sonho americano.

 

O Mundo Ardente, de Siri Hustvedt

Comovente. Provocadora. Duas das palavras mais convocadas para descrever uma obra onde se conta a história de uma artista plástica que, menosprezada pela crítica, decide reinventar-se através de três identidades masculinas.

DISCURSO DIRETO

Rachel Joyce

Escritora

Harold Fry é um reformado conformado, à espera do fim. No dia em que recebe uma carta de despedida de uma velha amiga, a morrer no hospital, decide percorrer Inglaterra de uma ponta à outra, a pé, na esperança de a salvar a ela e, pelo caminho, salvar-se a si também. Conversámos com Rachel Joyce sobre A Improvável Viagem de Hardold Fry (Porto Editora).

 

- A idade dá-nos perspetiva, mas também a tristeza de um final que se aproxima. Ao iniciar esta viagem, Harold Fry desiste de estar triste?

Diria que ele estava adormecido há mais de vinte anos, incapaz de lidar com acontecimentos terríveis. A carta muda tudo e fá-lo perceber a necessidade de se fazer à estrada.

 

- Será que todos nós, a determinada altura, precisamos de redenção?

Acredito que sim. É aquela ideia de que não conseguimos encontrar a verdadeira felicidade até termos experimentado a tristeza.

 

- É preciso sentir a proximidade do fim para resolver esses assuntos pendentes?

Acho que pode acontecer em qualquer altura das nossas vidas. A wake up call nem precisa de ser uma coisa trágica, pode ser apenas perceber que não podemos ter aquilo que queremos na altura em que queremos.

 

- Apesar de silencioso, Harold Fry é uma personagem muito empática.

Sim, gosto de pensar que sim. Ele surgiu-me de uma forma muito clara logo desde o início. Escrevi o livro (que começou por ser uma peça de teatro) quando o meu pai estava a morrer. Há um bocadinho dele no Harold. O meu pai também usava sempre casaco e gravata, não queria ser um doente. Essa característica era muito enternecedora. Mas ele também era uma pessoa com quem era difícil falar. Era quase impossível dizer-lhe o quanto gostava dele. Ou para ele admitir que estava assustado e com medo de morrer. Acho que dei ao Harold a oportunidade que o meu pai não teve: a de falar sobre os seus sentimentos.

 

- Harold conhece muitas pessoas pelo caminho… Andamos todos à procura de heróis?

Acho que sim. O fenómeno até é bastante recorrente: não é raro aparecerem figuras nos media que se celebrizaram por determinada coisa, mas, com a mesma velocidade com que aparecem, desaparecem. Mas, nesse período, tornam-se simbólicas.

 

- Quando finalmente ele reencontra Queenie não se dá a apoteose esperada. É a realidade a suplantar a ficção?

Senti a necessidade de a descrever naquele estado tão debilitado porque era exatamente esse o estado do meu pai quando estava a morrer. Ele sempre foi um homem vigoroso e bonito, mas, perto da morte, estava de tal forma deformado que as pessoas tinham dificuldade em olhar para ele. Senti que devia ser honesta e tentar, de alguma forma, explicar aquilo que nós, que estávamos deste lado, sentimos. Por outro lado, foi interessante porque tive imenso feedback de pessoas com experiências semelhantes com familiares que sofreram daquela doença (cancro de garganta e da boca). É visualmente impactante, chega a ser nojenta e, por isso, é ignorada. Às vezes, enquanto escritores, temos de fazer escolhas que sabemos que os leitores não vão necessariamente gostar, mas é importante seguir a nossa verdade.

 

- O livro foi então, de certa forma, terapêutico.

Sim, muito. Pude voltar a conectar-me com o meu pai de uma forma especial. Há muito dele na personagem e, apesar das facetas menos boas, gosto de pensar no livro como sendo positivo. Gosto de pensar que, no final, as personagens têm uma nova oportunidade, uma nova vida. E isso é sempre animador. 

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