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Devemos parar de usar sapatos?

Será isto uma questão? É o que deve estar a pensar…

25 de julho de 2015 às 07:00 Filipa Veiga

Há dias fomos visitar um templo. Quando chegámos, as minhas filhas dizem-me: «mãe, não trouxemos os sapatos, viemos descalças». O que fazer perante uma situação destas?

Tenho de admitir que me saltou a tampa. Bali é lindo, a liberdade também, mas too much is too much... Uns dias depois encontro alguém que me faz pensar o que está por trás de uma certa moda de andar descalço, em especial agora que chega o Verão. E o ponto é a terra, cada vez muito valorizada, em especial para os movimentos que privilegiam o contacto com a mãe Natureza.

Um muito conhecido, o Paleo. A palavra vem de paleolítico, que é um tópico bem quente no momento. Resumidamente: proclama o regresso à dieta alimentar do período anterior ao sedentarismo e à agricultura, em que não comíamos cereais, farinhas, massas, aquilo a que chamam comida processada. Intuitivamente adiro a estas ideias. Fascinam-me as técnicas ancestrais do conhecimento e da vida saudável.

Mas é também um life-style. Os paleo dizem, por exemplo, que devemos andar descalços. Que estamos a arruinar-nos ao usar sapatos. E com argumentos bem interessantes - o constante acolchoar dos pés nos sapatos, em última instância, enfraquece a mecânica do pé, um complexo e sofisticado órgão do corpo. Não me convencem quando penso em países como a Alemanha ou como a Suíça, ou mesmo aqui, nos trópicos, mas é interessante ouvir e retirar destas ondas idealistas o que pode melhorar a nossa vida.

Aqui fica um pequeno excerto do Journal of Environmental and Public Health:

«Recentes evidências vieram revelar que o contacto com a terra - seja na rua, ou descalço dentro de casa - pode ser uma estratégia simples, natural, e profundamente eficaz contra o stress crónico, a disfunção de ANS [sistema nervoso autónomo], a inflamação, a dor, a falta de sono, a perturbação VFC [variabilidade da frequência cardíaca], a hipercoagulabilidade, e muitos problemas de saúde comuns, incluindo doenças cardiovasculares. A pesquisa feita até agora suporta o conceito de que o contacto direto com a natureza, o enraizar do corpo humano, pode ser um elemento essencial para a saúde, à semelhança da luz do sol, do ar puro, da água, de uma alimentação nutritiva e de atividade física».

Não me parece óbvio que vá deitar fora todos os meus sapatos, adoro-os, são lindos. Mas um compromisso talvez aponte para reservarmos uns dias para tocarmos na natureza com os pés descalços, na praia, no quintal ou no jardim. Para sentir as raízes, as nossas, de onde vimos e quem somos.

Depois disto, só tenho de encontrar o equilíbrio para as minhas filhas. Andar descalças sim, ir à praia, ao jardim, sentir a erva fresca nos pés, todos os dias. Ou palmilhar a lama da terra molhada. Mas no momento de sair, passear, andar no cimento, aí não faz sentido. E cimento já não tem a mesma energia. 

 

 

*feliz dia, tribo saudável*

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