O nosso website armazena cookies no seu equipamento que são utilizados para assegurar funcionalidades que lhe permitem uma melhor experiência de navegação e utilização. Ao prosseguir com a navegação está a consentir a sua utilização. Para saber mais sobre cookies ou para os desativar consulte a Politica de Cookies Medialivre
Atual

Agnès Varda morreu aos 90 anos

A realizadora belga que foi pioneira da 'nouvelle vague' deixou-nos durante a madrugada.

Foto: Jörg Carstensen/picture alliance via Getty Images
29 de março de 2019 às 10:32 Aline Fernandez

O Cinema mundial perde Agnès Varda. A realizadora de Duas Horas na Vida de Uma Mulher morreu durante a noite de quinta para sexta-feira, 29 de março.

Agnès foi uma das poucas mulheres a destacar-se na nouvelle vague do cinema francês nos anos 60 e a partir daí no Cinema mundial – uma indústria ainda dominada pelos homens. Ativa desde 1951, Varda "morreu em casa na sequência de um cancro", rodeada pelos familiares, segundo o jornal francês Libération. "Deveria inaugurar esta noite uma exposição em Chaumont-sur-Loire, que agora vai abrir sem ela", declarou Cécilia Rose, produtora de Agès há 17 anos.

Cineasta, fotógrafa, feminista. O seu último trabalho, Varda par Agnès, foi apresentado em fevereiro deste ano durante o Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Nascida em Ixelles, na Bélgica, Agnès Varda instalou-se com a família em Sète, na França. Estudou fotografia na Escola de Belas Artes e História de Arte na escola do Louvre. Foi a fotógrafa oficial do Festival d'Avignon em 1951 e foi precisamente na década da 1950 que registou a já icónica imagem de Maria do Alívio a caminhar na Póvoa de Varzim, descalça e vestida de negro, com um cartaz com Sophia Loren rasgado num muro.

Começa a trabalhar como realizadora em 1954 ao lançar o filme La Pointe-Courte. Sete anos depois, em Cannes, firma-se na indústria com a longa-metragem Duas Horas na Vida de Uma Mulher. De filmes a documentários marcantes, como o Mur Murs, que retrata a arte de rua em Los Angeles e o clássico Salut les Cubains, uma montagem hipnotizante de centenas de fotografias tiradas durante uma visita à Cuba revolucionária dos anos 1960. Foi Varda que, ao descobrir o caso de uma mulher sem-abrigo encontrada morta em França, agarrou-se ao assunto e gravou Os Renegados, filme vencedor do Leão de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 1985.

Sobre a morte, Agnès declarou, em fevereiro de 2017, durante a promoção do seu documentário Olhares, Lugares, que "morrer em paz é o meu sonho." Que assim tenha sido para a revolucionária do Cinema.

As Mais Lidas