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A Psicologia Positiva faz-nos felizes?

Sofia, 33 anos, Lisboa.

04 de maio de 2016 às 16:18 Dra. Catarina Rivero

Tenho ouvido falar da Psicologia Positiva como forma de nos fazer mais felizes. Como sou uma cética, e por não acreditar nos benefícios do pensamento positivo, gostava de perceber como é que a Psicologia Positiva se propõe a fazer as pessoas felizes.

 

Cara Sofia, desde já a felicito pelo espírito crítico face à forma como a ciência vai sendo divulgada, e pela curiosidade pela área da Psicologia Positiva.

 

A Psicologia Positiva surge na viragem do século, juntando o grupo vasto de investigadores que pretendiam estudar e compreender os processos que contribuem para o funcionamento ótimo de pessoas, grupos e instituições. Muitas vezes considerada como a ciência da felicidade, tem sido uma área que efetivamente nos tem ajudado a compreender como é que podemos potenciar mais bem-estar nas nossas vidas individuais e coletivas, indo além do foco exclusivamente no que é patológico ou disfuncional, mas pela compreensão do que facilita o desenvolvimento das forças humanas que permitem mais bem-estar e resiliência, bem como a prevenção de situações de depressão ou ansiedade, cujos números são cada vez mais preocupantes um pouco por todo o mundo.

 

São muitos os estudos que até agora têm contribuído para o conhecimento desta área, com resultados inspiradores na promoção do bem-estar. A investigação na área da Psicologia Positiva não valida a ideia do pensamento positivo (naquilo que seria a negação de emoções negativas, sem a resolução e integração das mesmas nas narrativas de vida), mas sim a busca de um sentido e estratégias promotoras de bem-estar adequadas a cada pessoa ou grupo. As emoções negativas fazem parte, bem como pensamentos negativos, e o importante é aprender a lidar com os mesmos, e a gerir essas emoções e pensamentos de modo a que não bloqueiem o desenvolvimento emocional e relacional a médio e longo prazos, mas que permitam sim, compreender o seu significado, dando-lhes a atenção necessária que permita a sua resolução e o reequilíbrio emocional da pessoa.

 

Atualmente, considera-se que o bem-estar, ou o florescimento humano, podem emergir de um equilíbrio ótimo entre o prazer (experiência de emoções positivas, nomeadamente por relações e atividades gratificantes, numa perspetiva de hedonismo) e o Significado (aquilo que dá sentido à nossa existência, ao nosso dia-a-dia, numa perspetiva eudaimónica). A investigadora Carol Ryff considera, por exemplo, que o bem-estar passa pela autonomia, domínio do meio, crescimento pessoal, relações interpessoais positivas, propósito de vida, e autoaceitação. Já Martin Seligman, que tem sido um dos grandes impulsionadores da Psicologia Positiva no mundo, propõe um modelo de bem-estar que passa pelo fluir (estar envolvido nas atividades do presente), sentido de vida, realização (concretização de objetivos quotidianos), relações positivas (na forma de as manter, como será a flexibilidade, o perdão e a gratidão (não dar por garantido parece ser positivo), bem como a experiência de emoções positivas.  Ruut Veenhoven, outro investigador da área, relembra ainda que para além da habilidade para gerir emoções a nível individual, a sociedade em que vivemos (na qualidade da democracia, níveis de corrupção, igualdade de género, entre outros indicadores estudados) bem como as organizações em que trabalhamos (uma cultura organizacional positiva, onde nos sentimos valorizados, como espírito de pertença e de possibilidades de desenvolvimento) são também de grande importância para os níveis de bem-estar de uma população.

 

Assim, mais do que prescrever a Psicologia Positiva tem vindo a criar modelos de compreensão da felicidade, baseados na investigação científica, e que nos podem ajudar a compreender os mecanismos que melhor se adaptam a cada um de nós, quando procuramos ser mais felizes. Criar rotinas gratificantes, cuidar das nossas relações significativas (seja família e/ou amigos), ter espaço de lazer e descontração, ter objetivos no dia-a-dia, bem como cultivar um propósito de vida parecem ser fortes aliados daqueles que se consideram mais felizes.

 

Para melhor conhecer esta área, deixo o convite para um workshop de Psicologia Positiva a realizar no próximo dia 21 de Maio (Sábado): http://www.red-apple.pt/workshops-redapple/item/90-psicologia-positiva

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