Numa sociedade na qual a infidelidade muitas vezes é associada à juventude e ao impulso, surge uma descoberta intrigante: é entre os cinquentões e sessentões que o adultério parece florescer. Longe de ser uma coincidência, esta tendência desafia conceitos arraigados sobre os padrões de comportamento sexual e levanta questões fascinantes sobre a dinâmica dos relacionamentos ao longo do tempo.
Ao examinar os dados recentes do Instituto de Estudos da Família, publicado em 2017 e atualizado em 2023, torna-se evidente que uma proporção significativa de indivíduos nesta faixa etária está envolvida em casos extraconjugais. Mas o que impulsiona este fenómeno? Nicholas H. Wolfinger, investigador e professor académico especialista em Estudos da Família, sugere que o tempo pode ser um fator crítico. Casamentos de duas ou três décadas podem eventualmente cair na monotonia, abrindo espaço para a procura de novas emoções e experiências fora do casamento, adianta ainda o professor de Estudos Familiares e do Consumidor, e também de Sociologia, na Universidade do Utah.
Outro elemento a ser considerado é o papel dos avanços médicos, particularmente no tratamento da disfunção erétil. Com o aumento da idade, a incidência dessa condição aumenta, afetando a vida sexual de muitos homens. No entanto, com o surgimento de medicamentos como o Viagra, a capacidade de manter uma vida sexual ativa é prolongada, criando novas oportunidades para a infidelidade.
Além disso, há uma desconexão intrigante entre as atitudes sociais e o comportamento real das pessoas. Embora a maioria dos adultos desaprove o adultério, este continua a ser prevalente entre os mais velhos. Isto sugere uma complexidade subjacente na maneira como as pessoas percebem e praticam a fidelidade, destacando uma possível lacuna entre normas sociais e ações individuais.
Assim, o aumento do adultério entre os cinquentões e sessentões revela uma interseção de fatores, desde a duração dos casamentos até aos avanços médicos e as complexidades das relações humanas. Estas descobertas desafiam as noções convencionais sobre a infidelidade e destacam a necessidade de uma compreensão mais profunda dos padrões de comportamento sexual em diferentes estágios da vida adulta.