Há 40 anos, António Variações deixou-nos, mas o seu legado continua a influenciar a cultura e a moda. Nascido no Minho, Variações misturava as tradições da sua terra natal com uma estética ousada e pós-moderna. O seu estilo, com cores vibrantes, brincos, redes e acessórios arrojados, refletia uma época de transformação cultural e abriu caminho para a exploração de uma nova identidade nacional. As suas canções, autênticos desabafos existenciais, ainda hoje são referências de uma portugalidade em constante evolução.
Artistas e designers continuam a trilhar o caminho aberto por Variações, recriando as raízes culturais que celebrou. A marca Amor de La Calle, de Martim Alvarez, desconstrói a tradição para criar algo novo, enquanto Marta Hibu usa cores fortes e padrões urbanos para ligar Berlim a Portugal. O trabalho de Filipe Augusto inspira-se em lenços e aventais tradicionais, criando uma nova leitura da moda portuguesa. Também na música, nomes como Pedro Mafama e Conan Osíris seguem essa linha de experimentação, misturando géneros e abordagens numa visão moderna e inclusiva do país.
Variações, que frequentava a Feira da Ladra em busca de peças únicas para compor o seu visual irreverente, deixou um impacto profundo não só na música, como também na arte e moda. Hoje, em exposições como a de Serralves, o seu nome e imagem continuam vivos, relembrando-nos da coragem de quem desafiou convenções e abriu caminho para novas expressões de identidade.