Alexandar Skarsgard - Alto impacto
Alexander Skarsgård está longe dos estereótipos das personagens que dão corpo a filmes sobre vampiros.

Esqueçam o clã de vampiros de Twilight, porque os espécimes hardcore vamos encontrá-los em Sangue Fresco, a popularíssima série da HBO protagonizada pelo actor sueco de 34 anos Alexander Skarsgård no papel de Eric Northman, o vampiro viking de 100 anos que se diverte na Louisiana Bayou. Líder óbvio dos seus camaradas sugadores de sangue, Eric é um sádico pansexual carismático à frente do clube nocturno mais decadente e depravado que se possa imaginar. O elenco integra também Anna Paquin, Stephen Moyer (que são casados na vida real) e Evan Rachel Wood (que teve um relacionamento amoroso de curta duração com Skarsgård).
O ágil Alexander, que mede 1,92 m, emergiu como sex symbol desde que Sangue Fresco apareceu pela primeira vez em 2008 e, tendo recebido instrução no exército sueco como soldado antiterrorista, atribui a esse duro treino físico o mérito de o ajudar a manter-se focado como actor e de possuir uma presença física que sobressai. Skarsgård treina intensamente nos dois meses que antecedem cada temporada de episódios da série, de forma a manter a sua incrível forma física, que acrescenta grande impacto às inúmeras cenas sexuais que interpreta nu.
Quando não está a aterrorizar vampiros e humanos em Sangue Fresco, Alexander Skarsgård está a revitalizar sua carreira no grande ecrã com uma participação no novo filme de Lars von Trier, Melancholia (no qual contracena pela primeira vez com o seu famoso pai, o actor Stellan Skarsgård), e um importante papel no remake que Rod Lurie fez do clássico de 1971 de Sam Peckinpah, um estudo vicioso sobre o terror psicológico intitulado Cães de Palha, no qual contracena com a sua parceira romântica na vida real, Kate Bosworth. Além disso, vai contracenar com Julianne Moore e Steve Coogan na adaptação para cinema do romance clássico de Henry James, What Maisie Knew.
Skarsgård aprendeu esta arte com Stellan, o pai, actor, e com a mãe My (médica). Alexander nasceu e cresceu num bairro de classe média de Estocolmo e começou a representar ainda criança, até que, aos 16 anos decidiu que queria fazer outra coisa da sua vida. Entrou na universidade, para logo a seguir desistir e se alistar no exército sueco, onde passou dois anos em formação na extremamente exigente unidade antiterrorista de comandos.
Depois de ter abandonado a vida militar, Skarsgård voltou a centrar as suas atenções na arte de representar e conseguiu papéis menores na Suécia, assim como uma breve participação em Zoolander (2001). Oscilou entre Estocolmo e Los Angeles durante vários anos, até finalmente conseguir o papel principal na mini-série da HBO Generation Kill (2008), onde o seu treino de combate foi muito útil para interpretar um sargento marine dos EUA. Isso ajudou-o a conseguir o papel em Sangue Fresco e a partir daí o seu estrelato nunca mais parou de crescer.
Gosta do seu novo estatuto de sex symbol, como vampiro mais perverso e mais despido de Sangue Fresco?
Estou muito contente por a série estar a ter tanto êxito. Há bastantes actores muito talentosos que trabalham comigo e todos partilhamos esse sucesso. É claro que pessoalmente é muito gratificante, mas eu gosto de viver o mais pacatamente possível. Sou sueco, não somos de exibicionismos, embora algumas pessoas possam achar que sim, devido ao conteúdo de cariz sexual de Sangue Fresco.
Há qualquer coisa de ménage à trois entre a sua personagem e as de Anna Paquin, Sookie e Bill, de Stephen Moyer. As cenas de sexo com Anna Paquin, sendo ela e Bill casados na vida real, são estranhas para si?
Somos actores, por isso entendemos as exigências da profissão. Anna é como uma irmã para mim e isso torna as cenas eróticas um pouco estranhas, mas, com a câmara a um metro da cara e os técnicos à volta, não se fica excitado e não se tem, nem por sombras, a sensação de que aquilo é real. É só trabalho.
Está presentemente a filmar a quarta temporada de Sangue Fresco. Ainda é interessante para si encarnar um vampiro?
Sim. Eu estava preocupado com a forma como iria reagir ao interpretar a mesma personagem durante tanto tempo, mas o que este tipo de séries tem de interessante é que nos permitem desenvolver a personagem e continuar sempre a acrescentar-lhe novas dimensões. No caso dos filmes já não é assim. Os textos de Sangue Fresco são muito bons e, durante a temporada, raramente sabemos onde nos vai levar o enredo da história. Tenho sempre a maior curiosidade sobre como a minha personagem vai evoluir ao longo da temporada e isso constitui um permanente estímulo artístico.
Dada a carreira notável do seu pai, Stellan, é importante para si ter atingido um sucesso desta magnitude em Sangue Fresco?
Sempre quis afirmar-me e trilhar o meu próprio caminho no mundo sem que as pessoas dissessem que sou apenas o filho de um pai famoso. Nunca senti que estava a competir com o meu pai ou a tentar igualar-lhe o sucesso. O trabalho dele fala por si. Mas acho que a arte de representar pode ter sido uma forma de eu lhe provar que tenho talento e de o impressionar um pouco. Penso que a maior parte dos filhos querem que o pai se sinta orgulhoso deles.
Entrou como voluntário para o exército aos 19 anos. Isso também foi uma forma de se afirmar perante o seu pai?
Isto é uma linha de perguntas muito psicológica. Mas, como sou sueco e a Suécia é o país de origem de Ingmar Bergman, vejo-me forçado a responder! [Sorri] Penso que o treino militar foi algo que senti necessidade de fazer por mim. Tinha-me desencantado com a profissão de actor devido à sua natureza pública e queria dar um rumo diferente à minha vida. Talvez precisasse de um certo distanciamento da profissão do meu pai, mas fi-lo mais por se tratar de algo arrojado e rigoroso. E como tenho muita energia, gostei muito dos aspectos mais físicos do treino.
Como conseguiu o papel em Sangue Fresco?
Estava quase a partir para África, para filmar Generation Kill, a série que estava a ser produzida pela HBO, quando descobri que estavam a produzir outra série sobre vampiros. De início não fiquei interessado, mas depois descobri que era o Alan Ball, o criador de Sete Palmos de Terra, uma das minhas séries favoritas, que estava encarregue do projecto. Acabei por fazer uma gravação para o casting enquanto estava em Moçambique.
Como foi a sua abordagem à personagem de um vampiro? Pesquisou filmes antigos de vampiros?
Foi exactamente isso que fiz. [Ri] Passei muitas horas a assistir à forma como Bela Lugosi interpretava o Drácula nos filmes antigos de Hollywood e depois estudei o Klaus Kinski no Nosferatu de Werner Herzog. Também aprendi muito a ver documentários sobre a vida animal e a estudar o comportamento dos leões. O que achei fascinante foi a forma como um leão macho, deitado ao sol, de repente se levantava e ficávamos sem perceber se ele ia bocejar, voltar a dormir ou repentinamente iniciar uma perseguição a um antílope, ou a algum outro animal que vira, e entrar a matar. Era este tipo de característica que eu queria dar ao Eric.
Foi uma estrela infantil na Suécia. Já referiu que não gostava da atenção constante sobre si...
Não. Detestava. Gostava de representar e de estar nos locais das filmagens, mas não gostava de ter as raparigas a rondarem-me a casa. Era embaraçoso. Não queria esse tipo de atenção na escola, porque isso afectava as relações com os colegas. Queria divertir-me, jogar futebol e fazer as coisas normais, mas, quando toda a gente nos conhece, isso torna-se complicado. Por isso, depois do liceu disse ao meu pai que queria desistir de ser actor e seguir outro caminho. Ele apoiou-me muito.
E o que fez então?
Fui para Inglaterra estudar inglês. Queria aprender o idioma. Não queria estudar em Londres porque havia muitos suecos a viver lá, por isso escolhi viver em Leeds. Tinha um amigo que também queria ir para Inglaterra e decidimos ir para Leeds porque sabíamos que lá havia uma equipa de futebol. Foi uma das melhores épocas da minha vida. Divertimo-nos imenso, apesar de vivermos num apartamento horrível na cave, que era frio, húmido e sem janelas. Mas adorávamos as mulheres e a cerveja.
O que acha da vida em Los Angeles, em comparação com a Suécia?
É muito diferente. Primeiro temos o clima da Califórnia, que é quase sempre ensolarado e quente. Na Suécia só temos dois meses quentes no Verão e o Inverno é muito longo e muito frio. O único ponto negativo de viver na Califórnia é que, pelo facto de interpretar um vampiro, não posso passar muito tempo ao sol, ou então tenho de usar grandes quantidades de protector solar. De outra forma, se tentarmos colocar muita maquilhagem para disfarçar o bronzeado, a pele tem tendência a ficar com um aspecto acinzentado quando filmamos em HD.
Ainda arranja tempo para visitar a Suécia?
Sim. Temos todos os anos um intervalo de cinco meses em que não há filmagens do Sangue Fresco. Isso dá-me a oportunidade de passar alguns meses em Estocolmo ou nas ilhas, na Suécia. Esse período ajuda-me a lembrar que sou sueco e a reforçar a minha identidade. Isso é importante para mim.
Há um choque cultural muito grande para um sueco a viver na Califórnia?
A mentalidade é muito diferente. Os suecos são muito mais reservados e introspectivos que os americanos. Ou, pelo menos, que os californianos. Os americanos não têm medo de nos contar a vida toda, mesmo que nos conheçam há pouco tempo. Gosto do modo como as empregadas de mesa sorriem, nos cumprimentam num café e nos perguntam como estamos, mesmo que isso não corresponda a um interesse profundo. Há a sensação de que se consegue conhecer os americanos muito mais rapidamente. Na Suécia demoramos muito mais tempo a tornarmo-nos íntimos de uma pessoa. Mas quando se estabelece uma relação de amizade com um sueco, essa amizade irá durar muito tempo.
É o vampiro mais durão das redondezas?
Digamos que tenho uma dentada terrível. [Ri]
