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Visita guiada ao paraíso

Gracinha Viterbo abriu-nos as portas do seu ateliê no Estoril, o Cabinet of Curiosities, para nos contar as histórias mais intimistas de alguns dos seus objetos preferidos.

16 de maio de 2017 às 07:00 Rita Silva Avelar
Chamamos-lhe paraíso porque, se existe tal sítio, gostamos de acreditar que terá de tudo um pouco, de todo o mundo, como o Cabinet of Curiosities, o ateliê da designer de interiores Gracinha Viterbo. Aos 39 anos e mãe de quatro filhos, a filha da reconhecida designer de interiores Graça Viterbo – que em 1971 fundou a hoje Viterbo Interior Design – tem ateliês em três continentes (Estoril, Singapura e Luanda), viveu cinco anos em Londres (onde estudou na Central St. Martin´s College of Art and Design) e esteve nove em Singapura, três dos quais a trabalhar. "Os meus olhos têm de andar sempre a viajar (…) gosto de estar num espaço onde veja pormenores", confessa à Máxima, sobre como a experiência de viajar se cruza com a sua profissão. Desafiámo-la a contar as histórias e as memórias de dez dos seus objetos preferidos, que encontrou em viagens, sejam elas pelo mundo ou tão simplesmente pela alma ? a sua.
Turbante
"Desenhei-o para o casamento da minha irmã. A minha bisavó tinha uma coleção de 400 chapéus (e 100 eram turbantes!) e é por isso que todas usamos coisas na cabeça, seja uma bandolete, um lenço… é de família. Este foi o mais especial que fiz e o que me levou a começar a fazê-los."
Coleção de caixas
"Esta caixa é especial porque foi onde gravei o convite do meu casamento e continua a ser uma das minhas preferidas porque tem um nível sentimental que as outras não têm. A vida é uma caixa de memórias e o meu casamento foi uma das mais bonitas. Tive sempre medo de a perder e de ficar fechada dentro de um álbum – eu gosto de viver com as memórias à minha volta."
Esferas de mármore
"Como cresci dentro de um meio ligado ao design e à decoração, tudo o que são materiais naturais, madeiras e mármores atraem-me. Escolhi e encontrei estas num museu em Itália que recolhe corais antigos, escondidos numa caixa quando estava a procurar outras coisas para projetos e apaixonei-me por elas."
Colar de botões
"Gosto muito de colares. Tenho uns mais clássicos, outros mais étnicos, tribais. Como tenho uma coleção de botões vintage que venho a colecionar há muito tempo (…) acabei de fazer este colar com os meus preferidos e é um dos que mais gosto porque acaba por ter o meu cunho. Junta uma série de momentos da minha vida, olho para estes botões e lembro-me dos lugares onde os comprei – quando olho para ele tenho várias memórias."
Espelho convexo
"O reflexo num espelho conta sempre uma história diferente, ou mais distorcida, ou mais mágica, ou aquela que queremos ver fora da realidade. Criei este espelho para minha casa com um resto de tecido antigo e, como a minha sala de jantar é dentro de uma biblioteca, coloquei-o sobre uma das estantes. Os jantares, através deste espelho, são sempre mais mágicos. Durante os jantares, com os meus amigos a rir e à conversa, eu gosto sempre de ver aquele ambiente através do espelho."
Fotografias e postais
"Eu tenho em casa postais com frases para os meus filhos ouvirem os meus conselhos e terem motivação. Há muitas fotografias e frases, acho bonito viverem e crescerem com elas. A minha filha Alice às vezes diz-me: ‘Mãe, I have a mountain inside of me/Eu tenho uma montanha dentro de mim e nunca ninguém vai deitá-la abaixo.’ E eu acho bonito."
Capa tribal
"Esta capa encontrei-a em Xangai. Uma amiga de infância conhecia uma rapariga de Istambul que estava a viver em Xangai (…) e eu vi a cidade pelos olhos dela. Levou-me a uma loja que só tinha capas tribais, asiáticas e mantos de casamento, e eu apaixonei-me por esta."
Jarras e vasos
"Eu gosto muito de flores frescas e fui colecionando vasos e jarras e depois comecei a gostar de os pôr em conjunto, quase como uma paisagem. Acho que contam uma história. Um destes veio de uma cerâmica alemã dos anos 60 e outra é uma jarra de prata com pedras turquesa dos anos 50. São almas gémeas, só gosto de as ver juntas."
Candeeiro em ananás
"Este candeeiro em talha é o candeeiro da minha mesa de cabeceira. É um clássico (…), um amigo que já presenciou muitas noites mal dormidas a ler e a escrever ideias. Ao mesmo tempo, eu tenho uma base clássica e este candeeiro é um carimbo disso."
Estátua de João Cutileiro
"Quando éramos pequenos, a minha avó – que é escritora – levava-nos para Évora para o ateliê de João Cutileiro, um meio artístico, com escritores e artistas. Quando me casei, a minha avó deu-me esta estátua com uma menina nua que está presa, a sair através de um cilindro. A minha avó disse-me que era o símbolo do ‘next chapter’ da minha vida (…), que a mulher é um pilar e para nunca me esquecer da minha força como mulher. Hoje em dia, percebo melhor o que ela queria dizer." 
 

Fotografia de Gonçalo F. Santos

*Originalmente publicado no Suplemento de Decoração da Máxima de maio 2017 (edição 344).

Gracinha Viterbo
1 de 10 / Gracinha Viterbo
Gracinha Viterbo
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Turbante
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Coleção de caixas
4 de 10 / Coleção de caixas
Esferas de mármore
5 de 10 / Esferas de mármore
Colar de botões
6 de 10 / Colar de botões
Espelho convexo
7 de 10 / Espelho convexo
Fotografias e postais
8 de 10 / Fotografias e postais
Capa Tribal
9 de 10 / Capa Tribal
Jarras e vasos
10 de 10 / Jarras e vasos
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