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Peregrinação: os testemunhos das figuras públicas

No mês em que se assinalam os 100 anos das aparições em Fátima e se realiza a visita do Papa Francisco ao Santuário, partimos em peregrinação, através de vários testemunhos de fé.

13 de maio de 2017 às 07:00 Máxima
Laurinda Alves
Escritora
"Fátima, para mim, é um lugar de encontro e de silêncio. De encontro com Deus e comigo mesma; de encontro com Nossa Senhora e o seu filho, Jesus. É no silêncio da oração, muitas vezes sozinha e muitas vezes acompanhada de milhares de fiéis, que consigo conversar mais e melhor com Deus. Estas conversas (tantas vezes sem palavras ditas, no mais puro silêncio interior) ajudam-me a manter em dia a conversa com os outros e comigo mesma. E, por isso mesmo, ajudam-me a viver com mais confiança. Imagino que para quem não esteja habituado a fazer silêncio tudo isto pareça um pouco indecifrável ou demasiado místico, mas penso que a experiência de nos retirarmos, seja para uma viagem (para uma ida à neve ou ao deserto, para dar dois exemplos onde tantos conseguem estar em silêncio) ou simplesmente quando fazemos uma pausa para ficar ao sol, a contemplar o mar, ajuda a perceber o valor deste mesmo silêncio para um encontro e um caminho interior de maior profundidade. No meu caso, de maior intimidade com Deus.
Embora eu faça Exercícios Espirituais (EE), orientados por padres jesuítas, todos os anos, há 23 anos, também já fiz dez peregrinações. Pormo-nos ao caminho é uma tradução literal da grande metáfora da caminhada da vida. Sermos peregrinos não acontece apenas quando caminhamos pera Fátima, para Santiago ou para algum lugar sagrado. Somos verdadeiros caminhantes da vida. Para os crentes, faz sentido fazer caminho com Deus e cultivar uma relação de maior intimidade com Ele. As peregrinações e os EE ajudam a pôr a vida em perspetiva, ajudam-nos a arrumar a casa interior e ajudam a manter viva a esperança de sermos capazes de ir sempre mais longe e mais Alto. Numa peregrinação e nuns EE tudo muda dentro de nós, embora quem nos veja de fora possa achar que continuamos iguais. É essa mudança interior que nos renova e nos dá a mola de que tantas vezes precisamos para dar saltos em altura e em comprimento, quando precisamos de nos superar ou de nos transcender perante acontecimentos exigentes ou até dolorosos que a vida traz.
O Papa Francisco é um bom imitador de Jesus na terra: sempre acolhedor e nunca julgador, tenta ir às margens e tocar o coração de todos. Crentes e não crentes reconhecem nele uma grande coerência de vida, uma grande simplicidade e um coração muito inteligente. Tudo isto é muito interpelador sempre, em especial nos tempos que correm, em que as más notícias se multiplicam e amplificam todos os dias. O Papa Francisco apela constantemente ao perdão e à misericórdia, à compaixão e à oração, que são as vias, os caminhos para a re-humanização."

Sofia Cerveira

Apresentadora de TV 

"O que me leva a Fátima é a fé! O amor à Mãe! A uma paz que não encontro em mais lugar nenhum. Fátima tem um significado muito especial! Há mais de 20 anos que fui pela primeira vez a Fátima com um grupo de escuteiros do qual fiz parte. Foi um momento muito emocionante que culminou na procissão das velas. No dia seguinte, o adeus a Nossa Senhora ainda foi vivido com mais intensidade. E guardo no meu coração até hoje. Mas sempre que vou a Fátima venho... cheia!! É sempre muito especial ir visitar o Santíssimo e encontrar-me com Ele num profundo momento de oração e agradecimento. 

Para mim, a vinda do Papa Francisco é um motivo de grande júbilo e alegria! Ter o Santo Padre no nosso Santuário é algo verdadeiramente especial. Acredito que este Papa, por ser tão genuíno e tão mais próximo do povo, pode, com esta vinda, confirmar a nossa confiança n’Ele, renovar a nossa fé no Pai e motivar e motivar-nos a permanecer e a crescermos no amor do Pai."

Ana Marques

Ana Marques

Apresentadora de TV

"Aos 40 anos decidi que iria a Fátima a pé. Nunca tinha sentido grande identificação com o milagre nem com o local. As poucas vezes que  passei pelo santuário fui (negativamente) sensível  aos aspetos mais comerciais que o rodeiam e não tanto à fé que ali se encontra ou se procura. Noutros solos sagrados ? menos simbólicos, talvez ? encontrei muitas vezes um ‘abraço’ divino mais tocante. Ainda assim, achei que estava na altura de perceber e sentir o fenómeno. Pisar o terreno que há quase 100 anos leva gente de tantos cantos do mundo e de tantas condições sociais e de saúde a caminhar na mesma direção. Falaram-me na peregrinação organizada pelo Santuário de Schoenstatt e decidi inscrever-me. Sozinha, com uma mochila e um colchão, dei por mim no meio de centenas de pessoas que não conhecia para uma aventura que não sabia se estava à altura do ponto de vista espiritual e físico. A primeira peregrinação foi uma das grandes experiências da minha vida. Parti sozinha e regressei cheia de gente. De amigos, de fé no mundo, na bondade, na Palavra. E sobretudo a acreditar que aquela caminhada não é apenas um trilho que todos os católicos devem experimentar. É um caminho de reflexão sobre o que está muito acima do nosso entendimento. A liberdade de acreditar que nos podemos transcender pela crença. Não sei se trouxe uma fé em Deus mais inabalável (tem dias). Tal como na vida os caminhos são feitos de pedras e de flores.

Há pouco tempo ouvi numa homilia: ‘Os católicos estão numa espécie de lua-de-mel com o Papa Francisco...’ A frase tem graça e tem o humor que também caracteriza este Papa. É provavelmente o chefe da Igreja Católica que me faz parar para ouvir as suas palavras ou ler um texto seu. O seu pragmatismo, a desenvoltura com que nos surpreende nos atos mais inusitados, nas visitas mais inesperadas é a esperança que o mundo ansiava. 

Lourenço Ortigão

Ator

"Acontece-me muitas vezes ir em viagem, parar a meio caminho e ir ao Santuário, acendo uma vela e sigo caminho. É reconfortante para mim. É como aquela coisa dos almoços de domingo, em família, equilibram o espírito. É um bocadinho a mesma ligação que eu tenho com a fé e com Fátima. Sinto que de vez em quando renovo o meu espírito e o meu equilíbrio se parar uma horinha para ir a Fátima. É uma vontade que vou sentindo quando deixo de lá ir há algum tempo. Nunca fiz nenhuma peregrinação. A minha mãe é que vai todos os anos. Nunca fui porque primeiro era miúdo e comecei logo a trabalhar e a gravar muito novo e nessas semanas em que a minha mãe ia, eu estava sempre a trabalhar. Mas um dia ainda gostava de fazer uma peregrinação, já fui mais do que uma vez ter a Fátima no último dia de peregrinação da minha mãe, mas não fiz o caminho todo. Reparo que a minha mãe vem sempre com uma energia completamente renovada, vem sempre diferente. Acho que o Papa Francisco está a desmistificar um bocadinho a religião para pessoas não crentes e que estão desligadas da igreja. Para os crentes, penso que o Papa veio também desmistificar o que é que é a religião e veio também modernizar a visão em relação aos padres, em relação à fé e em relação à religião.

O Papa Francisco fala sobre temas muito atuais, transmite uma imagem muito acessível e eu acho que isso é o que é preciso para as pessoas se aproximarem da fé e de Deus. 

O facto de termos Fátima no nosso país é uma referência, vai fazer com que muita gente venha cá nessa altura, vai ser bom para o turismo e para termos mais pessoas a conhecer o nosso país e isso vai-nos obviamente meter também no mapa do mundo. Acho que toda a gente devia aproveitar esta ocasião para ir a Fátima."

Assunção Cristas

Deputada

"Como muitos portugueses, habituei-me a ir a Fátima com bastante regularidade desde pequenina. Era uma visita que fazíamos com os meus pais, pelo menos uma vez por ano, normalmente em setembro, depois do verão e antes de começarem as aulas. Nessa altura íamos a Fátima, umas vezes almoçar, outras com um piquenique, passávamos lá um tempo, íamos à missa, rezávamos a pedíamos pelo novo ano que aí vinha, um bocadinho também carregando essas baterias. Lembro-me particularmente da viagem da quarta classe. Andava num colégio de inspiração católica e fomos a Fátima assistir a uma missa, lembro-me do meu pai ter ido de propósito para participar. Quando cresci e passei a ter mais autonomia, estive integrada em vários movimentos da minha paróquia, Santa Maria de Belém. Continuei sempre a ter alguma ligação a Fátima. Já fui a pé de Lisboa até Fátima. Nos primeiros três dias achei que era muito inútil, doíam-me os pés, doía-me tudo e não percebia muito bem o sentido. Ao quarto dia, já comecei a achar que fazia sentido, e ao quinto dia já achava que tinha feito muito bem em ter ido a pé a Fátima e gostei muito. É uma grande experiência que recomendo.

Na altura estava recém-casada e fui integrada nas Equipas de Nossa Senhora, depois o meu marido foi ter comigo a Santarém e seguimos o resto do caminho juntos.Hoje em dia sou eu que levo os meus filhos a Fátima e que vamos com alguma frequência. Hoje, também eles estão envolvidos nos movimentos.

É sempre uma grande alegria receber o Santo Padre em Portugal. Recordo-me do Papa São João Paulo II, do Papa Bento XVI e agora o Papa Francisco vai ser também certamente um momento muito forte. Eu estive em Fátima quando o São João Paulo II veio da última vez e recordo o silêncio enorme que se fez quando entrou no recinto. Eu acho que isto nos reforça também na nossa fé e na importância que Fátima tem para os portugueses, mas também para o mundo. Fátima é um espaço de inseminação da mensagem, uma mensagem de conversão, de fé cristã e de centralidade no evangelho e no cristianismo. O Papa Francisco é um Papa que saiu um bocadinho daquilo que é, às vezes, a distância de Roma e que desce ao cúmulo das pessoas. O seu discurso é o discurso da igreja de sempre, mas dito de outra forma e com uma outra abertura que o torna muito mais apelativo a toda a gente." 

Por Filipa Sáragga

*Originalmente publicado na edição de maio da Máxima (Nº344)

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