Atualidade
Denunciados casos de abusos sexuais na ONU
As alegações foram feitas por trabalhadores da ONU de dez países.
Por Andreia Rodrigues, 19.01.2018
De acordo com uma investigação levada a cabo pelo jornal britânico The Guardian, a Organização Mundial das Nações Unidas permitiu assédio e violência sexual nos seus escritórios pelo mundo, com os acusadores a serem ignorados e os atacantes a não serem punidos.
Relacionadas
-
Os 12 momentos que marcaram o ano
-
Mario Testino e Bruce Weber acusados de assédio sexual
-
Funcionárias hoteleiras pedem botões de pânico para serem protegidas de assédio sexual
-
As mulheres do Congresso dos Estados Unidos vão usar preto no discurso sobre o Estado da União
-
Ivanka Trump revela que acredita no pai
-
Mulheres de Hollywood lançam campanha de combate ao assédio sexual
-
Harvey Weinstein indiciado em mais três crimes sexuais
-
As reações das celebridades ao estranho vídeo de Kevin Spacey
O jornal dá voz a dezenas de mulheres que dizem ter sido assediadas por funcionários superiores e que descrevem uma cultura de silêncio na organização e um sistema que não funciona para os queixosos. As entrevistas foram feitas sob anonimato, uma vez que os trabalhadores da ONU estão impedidos de falar publicamente, e também por medo de retaliação.
Das entrevistadas, 15 disseram que experienciaram ou denunciaram assédio ou violência sexual nos últimos cinco anos, em ofensas que variam do assédio à violação. Sete das mulheres apresentaram queixas formais, o que é raro uma vez que as vítimas têm muitas vezes medo de perder o emprego ou acreditam que nenhuma atitude será tomada em relação aos atacantes.
Três mulheres que denunciaram assédio ou violência sexual, todas de escritórios diferentes, disseram que desde aí foram forçadas a abandonar o emprego ou ameaçadas com o término do contrato. Os alegados autores, onde se incluem membros dos altos quadros da ONU, mantêm-se nos seus cargos.
Uma das mulheres que diz ter sido violada por um membro dos altos quadros da organização (enquanto trabalhava fora do seu país) disse ao The Guardian que "não existem outras opções para obter justiça" e que entretanto perdeu o emprego. A vítima acrescentou que, apesar de provas médicas e testemunhos, a investigação interna da ONU concluiu que não havia provas suficientes para apoiar a acusação. Além de ter ficado desempregada, a mulher passou meses no hospital devido ao stress e ao trauma.
As entrevistadas alegam que, ao longo das investigações, que são conduzidas por uma equipa das próprias Nações Unidas, os acusados puderam permanecer a desempenhar as suas funções e que os altos funcionários têm imunidade.
A ONU admite que este é um assunto que preocupa e tem de ser tido em conta e acrescenta que o secretário-geral, António Guterres, já "tornou prioridade o assédio sexual e quer uma tolerância zero em relação ao assunto".
A ONU admite que este é um assunto que preocupa e tem de ser tido em conta e acrescenta que o secretário-geral, António Guterres, já "tornou prioridade o assédio sexual e quer uma tolerância zero em relação ao assunto".